"Cansei de ser uma menina na Janela. Para quem nem mais uma menina é..."

Matt Hardy




Menina que, da janela observa e se nega a sair para a rua. Tinha medo de tudo. Não experimentava nada e já dizia que não gostava. Preferia a segurança de sua janela. Não viajava, não assitia TV. Não ouvia música e não fazia questão de ouvir. Só trabalhava e estudava.




Eu de tanto amor fui assassinado pelo ser amado, o ser que me tinha em certeza de amor absoluto.
Não foi à bala, facada ou veneno o meu assassinato. De gente, o meu amor, me transformou em coisa, algo parecido como um sofá.
Quem é coisa amada não tem vontade própria, não tem prazer, é gente que deixa de existir para si e aceita vômitos de outro com medo de nem mesmo ser coisa deixar de ser.
Sofá, ralo de banheiro, cinza nos olhos e paisagem de esquinas imundas. Febre e uma borboleta no pé direito a rir do estado ser coisa alguma.
Ediney Santana



Disseram que seria melhor ela cuidar e administrar a casa. Ela como sempre, o fez. Quando ficou intrigada com o fato de não engravidar foi procurar ajuda médica e descobriu que tinha um problema em seu útero que a impediria de ter filhos. O maldito do marido sem a menor sensibilidade, a condenou por isso. O pai também. Sua mãe como sempre foi conivente e submissa e concordou com o que o marido adúltero mandou ela concordar. E depois disso, desse episódio ela virou uma samambaia.

Marcelo Mendez




E eis que, num momento de pavor, teve o seu medo mitigado por uma interessante descoberta. Se morresse naquele lugar, naquele minuto, quem gostaria de pensar que foi? Uma personagem de Clarice, Simone, Marguerite Durás ou Françoise Sagan? Ou de Ingmar Bergman, Isabel Coixet, Woody Allen? Teria a Sofia Coppola sido aquela que mais representou na arte o seu mundo? Então, o que podia dizer das mulheres do Chico? Sim, a verdade é que era um pouco de tudo isso. Mas uma outra imagem tomava conta de sua mente e para sua surpresa parecia ser o veredicto. Teve até uma leve dificuldade de aceitar tal resultado, pois ele lhe parecia demasiado pueril e simples. Naquele momento de terror, constatou: gostaria de pensar que foi apenas uma personagem dos desenhos de Walt Disney. Usando um belíssimo vestido de festa, ao lado de seu marido. Bailando sem medo em direção à morte, num salão iluminado e infinito.

Renata Belmonte




Noiva há oito anos, estava finalmente no mês do casamento. Apartamento comprado, alianças de ouro com os nomes gravados na parte de dentro, o sabor do bolo escolhido e o vestido pronto, igual ao da Grace Kelly, atriz que virou princesa. Foi sózinha até a gráfica escolher o modelo do convite que, já sabia, tinha que ser salmão. Ele mostrou a pasta inteira e todas as infinitas opções de cores. Quando ela piscou os dois olhos ao mesmo tempo dizendo que achava engraçado sua cor preferida ser nome de peixe ele a convidou para sair dali e começar a dar novos nomes às coisas. Dois anos depois, o noivo ainda publica a foto na página "desaparecidos" do jornal. Tem certeza que foi sequestro.

Cristiane Lisboa





Ainda não lembro de quando liguei o piloto automático, se foi aos 17 anos quando comecei a namorar um "bom rapaz" dentro dos padrões familiares, se foi aos 25 quando aceitei casar com este mesmo rapaz depois de um longo namoro,  se foi quando depois de 10 anos de um casamento morno, sem altos nem baixos, um casamento onde os dois adormeceram em seus sonhos, não chutei tudo para o alto, e continuei naquela vida vulgar...
Não sei se foi quando aceitei que minha vida fosse o que os outros esperavam de mim,  ou quando planejei tudo que faria aos sete anos de idade e desde lá escolhi profissão, ano para se casar, e quantos filhos teria...
Bem, nem tudo foi tão certinho, pelo menos os filhos não vieram e eu pude tomar as rédeas e partir para um novo mundo, uma nova chance de viver, que espero, não desperdice mais uma vez...





Comentários

  1. Temos que parar de agir de acordo com o que os outros julgam ser melhor... Nada de piloto automático para viver, temos que tomar nossas próprias decisões, por nós mesmos.
    Espero que as novas chances não sejam desperdiçadas.
    Beijos*:

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  2. Oi, *não desperdice, mas pense bem nas suas decisões, pois querendo "o melhor pra mim eu já errei muito, hoje vivo só*, mais por opção...
    A minha liberdade, às vezes dói, fico querendo voltar ao passado, mas não dá mais, sou cheia de "contradições";
    e queria te convidar a ler meu último post, eu falo das "vantagens da solteirice". Dá pra entender um pouco o que te digo aqui.
    Beijo, fica com Deus.

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  3. Amiga Maggie, acho que não existe desperdício na vida, o que existe são vivências, aprendizados; bagagens. Aprendemos fazer ou não fazer determinadas coisas

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  4. Na maioria das vezes, 'acordar' para a nossa própria existência dói, mas nos faz mais vivos.

    Beijos,

    Suzana/LILY

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  5. Nunca é tarde para recomeçar.
    Nunca é tarde para reaprender a viver!
    Em frente! Força!

    beijinhos

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  6. Gostei do comentário :) , obrigada. Sigo-te :) , já agora, fiquei com curiosidade sobre o 2 + 2 = 5 ahah

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  7. Boa noite querida menina dos retalhos de poesias, mas aqui hoje, temos textos para serem cortados, colados e emoldurados...Sim, vamos reconstruir num belo mosaico, onde quem sabe, poderemos coloca-lo em exposição, para esses tais homens machos e donos de si, caiam em si e descubram quem somos...o que somos...e como amamos...Anular-se e viver a vida e os sonhos do outro, nunca mais! Eu comecei minha revolução e voce topa começar a sua? Levantaremos a bandeira das mulheres nao objetos, mas sim, alma e coração! Topas? Bjin e fique bem, estou bem!

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  8. Como é difícil acordar pra vida,como nos deixamos levar, nos subetemos,vivemos de acordo com o que os outros sonham e esperam de nós e somos sempre nós que temos que abrir mão de tudo.São as mulheres que abrem mão dos sesu sonohs, dos seus desejos, para terem eles por perto...
    Ainda bem que sempre é tempo de recomeçar...
    Beijosss

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  9. Oie lindona minha.


    Tudo bem por aí?

    hum, piloto automático? nem parece vc rsss


    beijos querida, se cuida bem.

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  10. Uma menina na janela vendo a vida passar...

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  11. E eu não sei em que momento passei a ser uma menina na varanda a espiar os movimentos alheios. Acho (não tenho certeza) que foi quando eu parei de me importar com as pessoas que estavam a minha volta (as estranhas das quais não me aproximava e no entanto, elas se aproximavam de mim para contar suas histórias).
    Enfim, no sótão, na varanda - alheia. Apenas algumas pessoas podem observar esse mundo que eu vivo e depois de ler-te na tarde de ontem, fiquei pensando em que momento foi que tudo isso aconteceu comigo porque eu não me incomodo (sério) com esse cenário que disponho. Eu gosto. Mas é bom saber como as transformações e dão, não acha?

    bacio

    Ps. O primeiro verdar lá em cima lembrou-me uma personagem que me deu certo trabalho tempos atrás. rs

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  12. Acredito que tudo é um aprendizado, mas, cada momento tem que ser intensamente vivido.Aproveite esta segunda oportunidade.
    bjs.

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a vida só é possível
reinventada.

"Cecilia Meireles"

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