Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons.
Banksy |
Ser criança é sonhar
Ir a lua a cantar
E mesmo que caísse
Teria alguém para me apanhar
Bruno Miguel
Porque se a gente fala a partir de ser criança, a gente faz comunhão: de um orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, de um pássaro e sua árvore. Então eu trago das minhas raízes crianceiras a visão comungante e oblíqua das coisas. Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina. É um paradoxo que ajuda a poesia e que eu falo sem pudor. Eu tenho que essa visão oblíqua vem de eu ter sido criança em algum lugar perdido onde havia transfusão da natureza e comunhão com ela. Era o menino e os bichinhos. Era o menino e o sol. O menino e o rio. Era o menino e as árvores.
A mim que desde a infância venho vindo,
como se o meu destino,
fosse o exato destino de uma estrela,
apelam incríveis coisas:
pintar as unhas, descobrir a nuca,
piscar os olhos, beber.
Tomo o nome de Deus num vão.
Descobri que a seu tempo
vão me chorar e esquecer.
como se o meu destino,
fosse o exato destino de uma estrela,
apelam incríveis coisas:
pintar as unhas, descobrir a nuca,
piscar os olhos, beber.
Tomo o nome de Deus num vão.
Descobri que a seu tempo
vão me chorar e esquecer.
Adélia Prado
Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o 'humour'?
Carlos Drummond de Andrade
Naquele tarde tudo foi risos no parque de diversões. O carrossel com seus cavalos que correm sem sair do lugar, subindo e descendo. A paciência de minha mãe de responder com um sorriso aberto ao meu aceno todas as vezes que o brinquedo rodava. Ao ir embora levava comigo a pipoca quente com manteiga derretendo, a bengalinha de plástico vermelha , branca e dourada feliz por ter tido aqueles momentos de encantamento. Mas na esquina tinha o homem com os balões de gás, tão coloridos que não conseguia olhar para mais nada. Queria muito aquele vermelho! Minha mãe me explicou que para tê-los eu precisava ser mais forte, minha mão era muito pequena para segura-lo. A resposta foram lágrimas e ela então cedeu. A felicidade foi instantânea, e fugaz. Não consegui prender o balão nos meus dedos e ainda hoje sinto a dor de vê-lo escapando lentamente , subindo ao céu e se perdendo dos meus olhos. O homem quis me dar outro, minha mãe não deixou. Como era sábia a minha mãe!
consolo da praia - drummond
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSempre aconchegante vir aqui.
ResponderExcluirAmei o post
Beijinho
Isso me lembra uma musica "Eu fico com a pureza da resposta das crianças..." Saudades dessa sua casa!
ResponderExcluirbeijos!
Que linda composição de versos e textos.
ResponderExcluirPude sentir a sua infância, o gosto da pipoca e me dói ter deixado o balão escapar junto à você.
Sua página é Parada obrigatória para mim agora.
Obrigado e bom domingo.
aloha aku ia oukou, i ka ike oukou hoʻolako i ka loa kiʻi, a me hopefully pono
ResponderExcluirObat Kelenjar Getah Bening Di Ketiak